UX desde Platão: experiência do usuário não é um conceito novo!

Ana Zyl
3 min readDec 21, 2020

Descubra se o seu design (ou o dos seus funcionários) é, ou não, dos homens das cavernas!

Logo na primeira vez que li o Mito da caverna de Platão, criei uma grande identificação com meus pensamentos sobre o mundo. De que tudo depende do seu ponto de vista, da sua bagagem, vivência, do seu contexto. Do seu repertório.

Este pensamento foi o que me norteou, ainda que eu não tivesse consciência na época, a cursar Desenho Industrial, e a me apaixonar cada vez mais por projetar, que ao meu ver é um grande gesto de amor: requer abrir-se e doar-se inteiramente para entender o usuário, seu ponto de referência, suas dores e necessidades, para elaborar soluções de forma a promover a melhor experiência possível pra ele.

UX não é sobre o que pensamos que o usuário sente — este é o nosso ponto de vista. É sobre o que constatamos, através dele, o que de fato ele sente — esse é o ponto de vista dele.

A parábola de Platão funciona como um Storytelling neste sentido, pois através de personagens e acontecimentos transmite de forma muito clara um dos principais conceitos que deve nortear os Designers: a habilidade da empatia.

Ilustração que retrata a cena do Mito da Caverna de Platão

✏️ De forma bem resumida, no mito:

Platão descreve que homens estão aprisionados, desde o nascimento, em uma caverna, de costas para a saída e de frente para uma parede. Atrás deles há um muro, atrás do muro uma fogueira.

Como mostra a ilustração acima, entre a fogueira e o muro algumas pessoas passam carregando objetos, que têm suas sombras projetadas na parede que está no campo de visão dos homens.

Sendo assim, os prisioneiros acreditam que o que estão vendo é tudo o que há no mundo.

Um dia, um dos prisioneiros consegue se libertar e procura a saída da caverna. Mas, a luz da fogueira, bem como a do exterior da caverna, agridem seus olhos, afinal ele nunca tinha sido exposto à luz.

Ele pensa em desistir e retornar para o local ao qual estava acostumado, mas gradualmente consegue observar e apreciar o mundo exterior à caverna.

Porém, por compaixão aos companheiros aprisionados, ele decide retornar para contar sobre o que viu e libertá-los.

Porém, habituados à escuridão e ao que viram desde que nasceram, não acreditaram, pois olham apenas sob uma perspectiva.

Esta é uma metáfora que aborda a condição humana frente ao mundo, no que diz respeito aos conceitos de escuridão e ignorância; luz e conhecimento e, principalmente, a distinção entre aparência e realidade.

Quem somos nós, UX Designers, se não investigadores?

A imagem mostra uma ilustração animada, onde um personagem investiga o local com o auxílio de uma lupa

Partimos da escuridão no que se trata de entender o sentimento do usuário, mas vamos em busca deste conhecimento, compreendendo que a forma que vemos e pensamos pode ser distinta da dos outros, e que não devemos tomar nossas impressões pessoais como verdades absolutas.

Platão já falava sobre empatia, referências pessoais, inteligência emocional, compaixão, importância da busca pelo conhecimento e o abandono da posição cômoda gerada pelas aparências desde a era A.C.

Ou seja:

se você trabalha com experiência do usuário mas acredita que não há necessidade de sair da zona de conforto para entender à vera o ponto de vista do seu usuário, é provável que esteja fazendo um design de homem das cavernas 😱😱😱!!!

Pense nisso e divida comigo, comente, curta ou entre em contato através do meu Linkedin.

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Ana Zyl

Sou uma UX Designer completamente apaixonada por buscar soluções que estejam de fato baseadas nas reais necessidades do usuário.